...TOP
10: personagens femininas.
10. A pistoleira
Não
basta ser mulher: tem que ser jovem, negra, não ter as duas pernas e
viver nos anos 60 americanos. Susannah
Odetta Holmes (A
Torre Nega,
Stephen King,
1982-2004)
não só consegue sobreviver a esse quadro nada favorável, como
sobrevive também a um mundo com demônios, trens assassinos,
espíritos malignos, aranhas gigantes, vampiros, feiticeiros e robôs
mentirosos – tudo isso em uma cadeira de rodas.
9.
A bailarina
Ahiru
é uma estudante em uma escola de balé, que sofre na mão de seu
professor-gato (literalmente, do tipo que mia e arranha coisas) pela
falta de talento para a coisa. Mas na verdade, ela é uma excelente
bailarina – ou pelo menos sua identidade secreta, a Princess
Tutu é
(Princess
Tutu,
Ikuko Itoh, 2002-2003). Tutu tem uma missão: recuperar as partes do
coração de um príncipe, que foram espalhadas pelo mundo quando ele
selou um grande demônio corvo. Se Tutu é a dançarina delicada e
graciosa que não faria feio em palco algum (ainda que destemida),
Ahiru é destrambelhada e péssima com as palavras – e extremamente
adorável. A história, voltada para um público assumidamente
infantil, não impede que ela seja igualmente apreciada por quem já
“passou da idade” - afinal, quem não gosta de um pas
de deux?
8.
A mãe
Ter
sete filhos não deve ser moleza. Se dois deles forem Fred e George,
o desafio deve ser o dobro. E, mesmo assim, todo mundo só parece se
lembrar dos dotes de tricô ou de culinária de Molly
Weasley (Harry
Potter, J.K. Rowling, 1997-2007). Ok,
ela é a grande figura maternal de Harry Potter, e é na casa dela
que Harry vivencia, pela primeira vez, o que é realmente viver em
família em
um lar.
Ah, e ela ainda vai com a família para a maior batalha bruxa dos
últimos tempos e, mesmo depois de perder um dos filhos, ainda mata
Bellatrix Lestrange. Nada mal...
7. A
chapeleira
Tenho
uma teoria de que todo mundo tem um Myiazaki favorito – você só
não descobriu ainda. O meu é O castelo
animado de Howl (Hayao Myiazaki, 2004).
E sim, eu sei que tecnicamente
não é 100% Myiazaki e que, já que vou colocar a origem na lista,
deveria ter colocado “Diana Wynne Jones”. Mas é da interpretação
do filme que estou falando, e é dessa Sophie
Hatter que eu gosto. Gosto de quão
delicada e suave ela é, e o quão corajosa ela não deixa de ser por
causa disso. Se ser transformada em velha ainda não fosse o
bastante, ela ainda conhece um bruxo com fama de comer o coração de
donzelas e um demônio feito de fogo. E não tem medo de nenhum dos
dois.
6.
A líder
Exímia
espadachim e uma ótima atiradora, Integra
Fairbrook Wingates Hellsing (Hellsing,
Kouta Hirano, 1997-2008) é chefe da organização secular que leva
sobrenome de sua família, submetida à própria rainha da
Inglaterra, especializada em caçar vampiros, ghouls e outras
criaturas do gênero. Sua arma mais poderosa e mais confiável não é
nem sua espada nem sua pistola: sob seu comando, ela tem ninguém
menos que Alucard, também conhecido como conde Vlad, o empalador.
Com um senso de honra e dever dignos de cavaleiro arturiano, Integra
tem a nada fácil tarefa de controlar seu psicopata particular
enquanto lida com a dupla ameaça do Vaticano e de vampiros
artificiais criados por nazistas.
No
início do filme, ela recebe uma ligação, no meio de um trabalho
e...Os
Vingadores (Joss
Wheedon, 2011) são formados. Natasha Romanoff – ou a Viúva
Negra – está cercada de
coisas bem maiores do que ela, como um herói da Segunda Guerra
encontrado no gelo polar, um trilhardário super-inteligente, um
monstro verde gigante e um deus, e ela nunca perde a compostura.
Aliás, nem com uma perna quebrada ela para. Isso sem contar que,
aparentemente, ela é a única capaz de trapacear o próprio deus da
trapaça.
4. A
super-heroína
Confesso
que conheço provavelmente 1% do mundo dos quadrinhos, e seria
covardia tentar encontrar uma
heroína no mundo DC. A minha escolha é a Mulher
Gavião (Liga
da Justiça, 2001-2004) – e não a
Mulher Maravilha. (Aliás, a DC poderia tentar variar um pouco mais
esses nomes, não? Enfim...) Ela é cabeça quente e acha que não há
problema que não possa ser resolvido ou informante que não possa
ser coagido pelo mero uso da força. Com esse kit nem um pouco
“tradicional”, ela não fica tão
longe de outras, inclusive de sua
colega amazona. Por que ela ganha? Em um episódio, quando a Mulher
Maravilha cogita que o mundo, de fato, poderia ser melhor sem homens,
a resposta da Mulher Gavião é precisa: Não
critique até ter experimentado, amiga.
Com atitude e sem medo de ser feliz.
3.
A vilã
Fora
do papel de madrasta, parece que as vilãs são raras. As do tipo que
têm um histórico e desenvolvimento ao longo da série, mais raras
ainda. E então aparece Azula (Avatar:
a lenda de Aang, 2005-2008),
a filha favorita do Senhor do Fogo. Supostamente, seu pai é o grande
vilão da história, mas é com ela que eu me preocuparia: ela é uma
mestre do fogo excepcional. Você conseguiu cancelar isso? Ela é uma
ótima lutadora? Conseguiu imobilizá-la? Ninguém é melhor
manipulador do que ela. Além de ser uma ameça tripla, Azula ainda
tem duas melhores amigas e fiéis escudeiras praticamente ninjas. Ela
não quer o segredo da beleza eterna; ela quer algo simples, básico
e facilmente compreendido: ser a justa herdeira de seu pai...depois
de matar seu irmão e todos aqueles que significarem qualquer tipo de
resistência a ela, é claro.
2. A
mecânica
Ela
tinha tudo, tudo
para dar “errado”: a adolescente loira de olhos azuis que aparece
mais do que frequentemente com tops curtíssimos e é o interesse
romântico do protagonista (ainda que ele não saiba disso desde o
início). Mas Winry Rockbell
(Fullmetal Alchemist:
Brotherhood, 2009-2010)
faz jus ao elenco e à história na qual está. Desde criança, ela
demonstrou um talento excepciona para a mecânica dos automails
(as
próteses de metal que substituem membros – e que são abundantes)
e é ela quem cuida
da perna esquerda e do braço direito de Edward quando os aparelhos
se desfazem (literalmente, algumas vezes). Mais do que mecânica, ela
se coloca em situações terríveis (como se deixar ser capturada por
um psicopata) porque sabe que aquilo será útil aos heróis. Além
disso, ela é órfã de guerra e já teve sua cota de mortes vistas
cumprida há tempos, e ainda assim consegue ser otimista, divertida e
carinhosa – especialmente em um mundo onde parece que essas
virtudes não têm mais lugar.
1.
A vampira
Anno
Dracula
(Kim Newman,
1992) está no
meu top 5 livros favoritos – e definitivamente é minha história
de vampiros favorita. Geneviève
Dieudonnée
é uma senhora de 600 anos presa em um corpo adolescental em uma
Londres onde – o horror! - Dracula não só sobreviveu ao final do
romance de Stoker como se casou com a rainha da Inglaterra. E onde
prostitutas vampiras começam a aparecer mortas
pelas mãos de Jack o Estripador. Geneviève se envolve nessa trama
para tentar solucionar o mistério dos assassinatos e acaba
conseguindo bem mais do que esperava no meio tempo. Tudo que você
pode esperar em uma heroína vampira em um livro doido como esse:
mesmo em seus momentos mais tenros, Geneviève é assustadora, ou
estranha, ou simplesmente perigosa.
Menção
honrosa: praticamente todo o elenco feminino de Fullmetal
Alchemist poderia
estar nessa lista. No final das contas, tentei colocar apenas uma representante de cada obra/franquia, para tentar manter a brincadeira mais variada.
Críticas? Sugestões? Discordâncias?
Críticas? Sugestões? Discordâncias?
Concordo com suas escolhas dona moça, principalmente da senhora Weasley, mostrando que não precisa sair por aí atirando e lutando pra ser valente e poderosa.
ResponderExcluirUma dica é a dona Eugenie Markham de Storm Born e claro, dona Katniss.
Conheço e reconheço a mãe e a espiã, e aprovo com louvor a indicação da Geneviève, de Anno Dracula.
ResponderExcluirExcelente texto, Juliana! Adorei sua proposta de escolher personagens de estilos, gêneros e formatos de expressão distintos. Geru uma lista eclética, instigante e polêmica (dentro de um determinado estilo, cada um pode ter sua propria preferência). Minha lista seria diferente até pelo fato de várias aí que não conheço (e fiquei curioso de conhecer após ler seu texto).
ResponderExcluirVocê tem razão quando diz que todo mundo deve ter seu Myiazaki preferido. O meu é Nausicaa do Vale do Vento. :-)
Em relação aos nomes sem criatividade das super-heroínas, o mesmo vale para a contraparte masculina. Vários deles tem "men" no nome. :-)
Sobre Geneviève Dieudonnée, também gostei muito da personagem. Ela havia sido criada pelo próprio Kin Newman para outro romance seu, que não li. Como você se entusiasmou com ela, eu pergunto: você chegou a lê-lo?
Vinícius, infelizmente, não tive a oportunidade de me aventurar mais pela obra do Newman. Confesso que meu conhecimento fica em Anno Dracula e em alguns elementos dos livros que dão sequência à história...
ExcluirE sim, a falta de criatividade para nomes parece estar mesmo em toda parte!
A Molly é um exemplo de mãe, mesmo sendo apenas uma personagem de uma série infantil. Natasha Romanoff é uma BADASS da épaca da Guerra Fria, só isso já diz tudo! Só senti falta da Agente Scully!
ResponderExcluirAdorei a lista! Principalmente pq não conheço várias dessas moças destemidas.
ResponderExcluirConfesso q enquanto ia lendo só ficava me perguntado: "gentem!!!Cadê Korra??????" Mas Azula é o bicho e não tem pra ninguém!
Meu Myiazaki preferido é o Totoro! Tenho muita dificuldade com as personagens femininas e mas a sua lista me inspirou e fiz uma tb:
1- Sarah Connor - a super mãe,armada até os dentes,
de John Connor, que no futuro será o líder da resistência humana na guerra contra as máquinas.
2 - Agente Dana Scully - linda sexy inteligente e sexy a fiel escudeira de Mulder do Arquivo X
3 - Rose Tyler - Rose Tyler - Rose: ela não é uma vítima, ela corre atrás, ela procura, ela se defende e ela tenta proteger os mais fracos – a companheira de viagem do 9 e 10 Doutor.Chamada de "Defensora da Terra" pelo Doctor 10 não precisa dizer mais nada né?
4 - Arya - A menina de Winterfell que recusa a ser uma Dama
5 - Korra - A Avatar rebelde e relutante.
6 - Bêlit - A Rainha da Costa Negra. A rainha pirata foi o grande amor da vida de Conan, de personalidade equiparável à do bárbaro era casca grossa, tinha sede de vingança.
é isso não consegui listar 10. mas fiquei com vontade de conhecer espicialmente Integra Fairbrooks e Geneviève Dieudonnée!